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Desperdícios da fala

por Ella Rose Barruzzi
Juiz de Fora
Quantas pessoas você perdeu por não tê-las deixado ficar?

Quantas pessoas você perdeu porque não se permitiu ficar?

No tempo dos relacionamentos relâmpago todos começaram a se prender em palavras digitadas ou palavras não ditas.

Não se conhece mais sobre pijamas e pantufas, sobre espasmos ou respirações ofegantes durante a madrugada.

Perderam-se no vazio do limbo de sobreviver às catástrofes do universo atual/sexual.

Todos mentem que estão bem, exclamando sorrisos amarelos em fotos de lagos azuis da cor de olhos que não mais irão te fitar.

A troco de que?

Noites mal dormidas em troca de delicadezas jamais aplicadas, corpos nus no escuro da mesma alma que os toca.

Quem é você agora que não um reflexo do que mais odeia na pessoa que faz questão de (te) julgar?

As relações acabaram se transformando em relatos e correlatos de situações que aconteceram com seu melhor amigo.

A maioria paga de “bem resolvido” e no final gostaria de uma companhia para uma pipoca e um filme em uma tarde de domingo.

Passou-se a aprender menos com o outro, a desperdiçar palavras para tentar se desculpar de erros e deslizes cometidos.

Desculpas não bastam quando os corações perderam a esperança de que a segunda chance não será a primeira… nem a última.

Não que eu seja uma sofredora.

Sou uma apaixonada pela vida e suas relações, mas sem colocar a mão no fogo por ninguém.

Foram tantas e tantas vezes que queimei não só a ponta dos dedos, mas um braço inteiro.

E ainda assim, creio que os corações possam deixar de ser feitos de gelo, não nascemos para correr.

Nascemos para voar!

Sobre a autora: Ella é carioca da gema perdida na clara e na clareza que as palavras podem exercer quando bem colocadas.

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